Os sistemas industriais podem ter comportamento diversificado quanto à sobretensão, corrente de curto circuito, tipo de proteção exigida, continuidade operacional, custos, etc, dependendo da disposição do ponto neutro do sistema trifásico em relação a terra adotado como referencial.
Sistemas não aterrado (NT)
Sistemas com neutro isolado, podem aparentemente apresentar a vantagem de não ter de imediato, a sua operação afetada quando da ocorrência de curto circuito fase- terra, podendo este ser eliminado posteriormente.
Não havendo nenhuma descontinuidade no fornecimento de energia elétrica, é bem provável que ocorra uma segunda falta em outra fase, antes mesmo que a primeira tenha sido removida. Então teremos um curto-circuito entre fases através da terra, das estruturas metálicas ou da carcaça dos equipamentos, que provavelmente farão atuar os relés que comandarão o acionamento dos disjuntores, interrompendo todo o circuito. A demanda de tempo de parada não programada poderá acarretar sérios prejuízos de produção e danos aos equipamentos. Uma falta relativamente sem importância poderá degenerar em uma falra grave de consequências imprevisíveis.
Na realidade quando dá ocorrência da primeira falta a terra, aparecerá nas outras duas fases uma tensão √3 vezes acima da tensão nominam fase-terra.
Experiências tem provado que embora o isolamento entre cada fase e a terra seja dimensionado para suportar a tensão plena entre fases, se esta tensão é aplicada por longos períodos, com o isolamento envelhecido sob influência do tempo e sob severas condições de uso, o mesmo poderá deteriorar-se causando outras faltas no sistema, que não no ponto de defeito inicial, provocando agora um circuito fase-fase ao invés de uma sobretensão.
As correntes que fluem normalmente através das capacitâncias, possuindo como dielétrico o isolamento dos cabos, transformadores e outros equipamentos, etc, variam desde alguns amperes até 25 amperes ou mais, dependendo do comprimento da linha, material isolante, vida do isolamento, etc. Normalmente esta corrente não deverá sensibilizar os dispositivos de proteção.
Existe ainda o problema das sobretensões transitórias provocadas por faltas intermitentes da ordem de 2,5 a 4 vezes a tensão entre fase-neutro. Também durante um curto circuito fase-terra, operação de manobra poderão causar sobretensões elevadas transitórias nas outras duas fases não atingidas, de até 5 vezes a tensão nominal.
Maria Sabrina Pereira - Engenheira Eletricista, CREA - 192449 contato - msp.sabrina@gmail.com